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Pesquisa e Arquivos [2] Não sou de espalhar-me no esgarçar alheio, nunca fui, acho torpe a vingança, vileza dá-me náuseas. Porém considero orgulho uma desfaçatez para consigo mesmo. Pra que? Onde mora a dignidade de quem não sabe pedir socorro, seja em que contexto for? Silêncio e frieza só demonstram, mais ainda, comprovam, o quanto o sujeito está a debater-se no seu próprio desalinho, escondendo-se nas praças mais profundas do seu desavir. O que me atenta não são as palavras mas justamente a ausência delas. Atitudes desamanhadas, opostas ao que sempre se foi, alertam-me para o sofrimento alheio. Cá do meu castelo aprecio, sem regozijo e apeada em desagrado, o quanto dói o descontente. Vontade minha é de abraço, que de falatórios não carece o sofrente. Sei o que sente, vivo-o em mim e seria exatamente o que eu desejaria, um abraço morninho e todo, que afastasse da alma a peleia, anuviando os rasgos e desamargando o carreiro. Mas há quem prefira falir sem alarde. Tem (des)gosto para tudo ... Ai,ai, vem aí mais uma lua cheia... daqui a nada a visita "espalha-se" pelo diminuto recinto onde desenvolve o reforço da pirraça. Ó dó! Descarregar outro tanto de "obséquios" à minha porta? É escusado, por cá há santuras intransponíveis, ó pa! Há muito é escusado! Só rio, sou rio, e nele deposito a oferta precita e sigo caminho. Pró mês, outra tentativa. Ó dó! Wandrade-16/10/2013 Dia de incrementar a falseta, imaginar euforia, que alegria genuína, já se sabe é parca. Cachinadas sonoras ao jantar que honra Baco, para incentivar, mais tarde, “irrefreadas ânsias” de prazeres enganados. Suspiros sobranceiros ao léu põem-se apostos para evidenciar ao mundo… o que não se realiza, mas que é imperioso vistar… Saem de cena os rendeiros, deixando o palácio livre à fantochada que, como sempre dá em nada. Concluída, enfim, a jornada, um dormirá o sono dos justos, dessabido do logro, julgando-se em paz, o outro fintará o recalque debatendo assonia e assombros, vingado, talvez, realizado jamais. WAndrade – 21/06/2013 Procura-se a roupa bem posta e elegante, em combinações perfeitas que se faziam notar. Procura-se o alinho e o capricho que aos olhos saltavam só de se ver passear. Procura-se o ar brejeiro de andar quase em jeito de passarinhar. Procura-se a pele de altéia e o bom regozijo no dom de falar. Procura-se a voz sonante que era assim uma fonte de bom frasear. Procura-se quem, no retálio, rema ao contrário, naquilo que é falho, na ânsia esquisita de desfrontar. WAndrade-20/06/2103 A alegria, o estado de felicidade, o tal do “estar muito bem”, são matreiros. Se genuínos, infiltram-se, delicadamente, nos olhos, nos gestos, no jeito leve de andar,deixando a quem vê, a certeza de que vai ali uma pessoa realmente feliz. Mas, se ao contrário, o “estar muito bem”, mostra olhos ressentidos numa cara rota, gargalhadas estrondosas e mímicas, acompanhadas de balbúrdias forçadas, aí, companheiro, o “estar muito bem” revela-se inteiro, sem dó, num imenso à vontade para mostrar que esconde o falhanço, vulgariza quem se diz “feliz”, traz à tona aquilo que o verniz barato não conseguiu abrilhantar. Ora, estar muito bem é simplesmente estar, não precisa de amostras gratuitas de prazeres inventados, não precisa de “gritar” um fogo que, sabe-se, é brasa pequena, sem raça, quase fumaça. Estar bem não bate portas, nem precisa fazer barulhos. Não se expõe à má cara dos outros e nem ao deboche pelas costas. Estar bem atinge… sempre, sem esforço, não finge em desagravo. Estar bem não é cena, nem comédia, nem espectáculo patético. Estar bem é. E ponto. WAndrade - 20/05/2013 Lamentas? Depois do tempo de arrumos é hora de constatações. Pois… era escusado o lamento do amor tardio. É de lamentar, isto sim, a alma andarilha que carregas farta, anuviada como teus olhos sombrios, frios, frios… Sem pouso e desgarrada de encantos, vê-se a vida-fardo que intentas, à força, ser de alguma beleza e novidade. Rumos revezados, óbvios de peso e cansaço, enfeiam tua tez, agora avessa à sorrisos veros e simples de sorrir. Teu pesado caminho de passadas duras trai solene o teu esforço em mostrar contentamento ou gozo. Corres de encontro ao vago que constróis dos nadas que permeiam teu vazio, mostram-me teus olhos, que insistes em desviar, quando passas por mim. O que não consegues é desviar o coração. Lamento. WAndrade - 20/06/2013 A questão não foi a festa fora d’horas Ou as companhias repentinas e já tão íntimas… Também nem foi o suposto colóquio arfante para mostrar vitórias e que tudo já passou… A questão foi o olho embaçado ao bater no meu Tentaste mostrar supremacia, vi saudades Aparentavas frieza mas tremias, ah, tremias Quiseste armar-me uma cilada? Tempo perdido, criança, não sabes ainda armadilhar Mas uma coisa sabes, no fundo da alma, sabes Ninguém nunca te vai levar onde só eu consegui… Continua a tentar. Wania Andrade – 09/05/2013
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