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Pesquisa e Arquivos [2] O que leva e traz… leva e traz, invariavelmente. O vento que lá ventou, aqui é conforme. Sopra suas alcovitices, infla os balões da mexeriquice e traz ais e uis de risadas, deboches, ironias e um qualquer anúncio, à risota, sobre caras, vincos e assins. Assim, para descanso da alma e branquejar do avalio próprio, quer dizer, do carácter, é imperioso entender que não se leva para a vida aquilo que vem amasiado com os copos. De sempre em sempre, sempre tantos, faz-se papel de tolo, lá, aqui, onde quer que cante ou conte o vento. Ou o que leva e traz. WAndrade – 25/01/2015 Nem chateação, nem aborrecimento. Nem pena, nem dó. Talvez compaixão, que é de ter. Bárbaro, em anseios das pratas, idolatra o fidalgo, aliciando-lhe as benes, os apoios e a própria desgraça. Alma acanhada assim definha, coitada, nem sonha o que lhe ceifa o arbítrio, apenas zonza pelos cantos da vida, encalhada numa estância alquebrada e fria; incônscia e sem forças, deriva em si mesma…tonta… Num escambo medonho e murcho, partilham-se sombras e foices…, delusões…delírios entre aparências e bongôs. Os descaminhos rebentam (aquilo que malgrado nasce…) neste estirão sem norte, já vazio de figurantes (desandos não rendem plateia). Arrastos de um desenredo inanimado. WAndrade-27/12/2014 então era isso? Há muito que estou por minha conta, correndo os riscos de mim, esquecidos na borda do tempo, vazando aqui e acolá, onde escolho ou não para vazar. Há muito que dói quando eu rio e eu nunca desanuvio, e já não me vencem pertenças, ou caminhos a par, e as canseiras da noite, essas vão longe… cansadas de mim, quizás? Há muito que sou cliente de mesa para um e meu carro é velho e meu braço dói e tenho joanete. Há muito não escrevo carinhos, no máximo algum lembrete, que a cabeça, essa também anda falha, farta do tanto muito a deslembrar. WAndrade – 19/04/2014 Não sei quem ficou mais emocionada, eu ou ela, que, de dentro daquela sua seriedade constrangedora, recebeu-me com festa. Há dois anos éramos duas estranhas, duas forças que, sabe-se lá por quais bordados, tiveram que aliar-se para vencer. Foi o destino? Foi a vida? Foi a mudança da maré? Não sei e nem importa. Com a voz firme de sempre mas com uma alegria que eu jamais conheci, diz-me ela*: -“Pronto, sua próxima consulta…abril de 2015! Acabaram-se as consultas semestrais” Não sei quem estava mais emocionada, ela ou eu. *Drª Tania – A outra mão firme da minha radioterapia. WAndrade – 16/04/2014 Olha, eu realmente sinto muito, sinto muitíssimo! Aliás, como disse alguém um dia, lamento muito… Lamento o que aconteceu; se pudesse trocava contigo de lugar, certo como o sol de hoje que já se vai, já tenho com o tempo contendas. Lamento o que não aconteceu, o que todos diziam que era o que tinha de ser. Menos eu, meu amor por ti é outro… não, não sei se melhor, maior, diferente, mas é outro, grande e eterno, acredita. Mas não vou correr atrás de ti. Não corri nem atrás do amor que é a razão da minha vida (não sei que vida, mas pronto)… um cão abandonado , desses que imbecis largam na estrada sem dó ou humanidade, não sofreu o que eu sofri, não passou o que eu passei, eu comigo e mais ninguém. E ainda assim não fui atrás. Vi o quanto esse amor se perdeu nas infelizes escolhas que fez, foi achincalhado, virou piada internacional, eu vi, sim, triste mas vi e nada pude fazer, afinal foi uma escolha. Porra!!!! E nem assim fui atrás. Eu cheguei a um pódium onde só os muito, muito fortes chegam… porque sofrem e doem por demais…é merecimento! Portanto, se me quiseres, ver, falar, ter a teu lado, cá estou, sabes bem, a hora que for, dia, noite ou madrugada, não há sono que me conquiste… mas não, não te procuro. Não mais. WAndrade - 17/11/2013 Navega certo o coração incerto que se dispôs a desinventar o sentimento. Calado, atravessa suas marés confusas e desarejadas. Sozinho, espreita o distante, bem-querer que sufoca dia após dia. Sem quem para o perceber, fantasia a vida, ilude a alma a conseguir seguir. Navega cego o coração varrido que tentou fingir. WAndrade - 08/11/2013 Meu novo paradeiro nestes domingos outonais e solarengos. Aqui um vento brando acaricia árvores de folhinhas meninas e inquietas, que aquiescem aos mimos com murmúrios e gemidos, lânguidas e frescas. Passeio pelas estradas pintadas de folhas castanhas e nelas meus passos brincam de farfalho. Largo-me neste momento quente, quase, quase adormecendo, nos verdes vários onde me entrelaço, nesse quase silêncio de mim. Nos sorrisos, a prova inquestionável de que a pasta dental é da melhor qualidade... pena que não possa ser usada na alma. Deve ser por isso que nas fotos sempre usa óculos escuros. WAndrade – 2013
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Líchia
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Eu diria!
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Côtes de Provence - 2012
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