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O que leva e traz… leva e traz, invariavelmente.
O vento que lá ventou, aqui é conforme.
Sopra suas alcovitices, infla os balões da mexeriquice e traz
ais e uis de risadas, deboches, ironias e um qualquer anúncio,
à risota, sobre caras, vincos e assins.
Assim, para descanso da alma e branquejar do avalio próprio,
quer dizer, do carácter, é imperioso entender que não se leva
para a vida aquilo que vem amasiado com os copos.
De sempre em sempre, sempre tantos, faz-se papel de tolo,
lá, aqui, onde quer que cante ou conte o vento.
Ou o que leva e traz.
WAndrade – 25/01/2015
Nem chateação, nem aborrecimento. Nem pena, nem dó.
Talvez compaixão, que é de ter.
Bárbaro, em anseios das pratas, idolatra o fidalgo, aliciando-lhe
as benes, os apoios e a própria desgraça.
Alma acanhada assim definha, coitada, nem sonha o que lhe ceifa
o arbítrio, apenas zonza pelos cantos da vida, encalhada numa
estância alquebrada e fria;
incônscia e sem forças, deriva em si mesma…tonta…
Num escambo medonho e murcho, partilham-se sombras e foices…,
delusões…delírios entre aparências e bongôs.
Os descaminhos rebentam (aquilo que malgrado nasce…)
neste estirão sem norte, já vazio de figurantes
(desandos não rendem plateia).
Arrastos de um desenredo inanimado.
WAndrade-27/12/2014
então era isso?
Há muito que estou por minha conta,
correndo os riscos de mim, esquecidos na borda do tempo,
vazando aqui e acolá, onde escolho ou não para vazar.
Há muito que dói quando eu rio e eu nunca desanuvio,
e já não me vencem pertenças, ou caminhos a par,
e as canseiras da noite, essas vão longe… cansadas de mim, quizás?
Há muito que sou cliente de mesa para um e meu carro é velho
e meu braço dói e tenho joanete.
Há muito não escrevo carinhos, no máximo algum lembrete, que
a cabeça, essa também anda falha, farta do tanto muito a deslembrar.
WAndrade – 19/04/2014
Não sei quem ficou mais emocionada, eu ou ela, que, de dentro daquela
sua seriedade constrangedora, recebeu-me com festa.
Há dois anos éramos duas estranhas, duas forças que,
sabe-se lá por quais bordados, tiveram que aliar-se para vencer.
Foi o destino? Foi a vida? Foi a mudança da maré?
Não sei e nem importa.
Com a voz firme de sempre mas com uma alegria que eu jamais conheci, diz-me ela*:
-“Pronto, sua próxima consulta…abril de 2015!
Acabaram-se as consultas semestrais”
Não sei quem estava mais emocionada, ela ou eu.
*Drª Tania – A outra mão firme da minha radioterapia.
WAndrade – 16/04/2014
Olha, eu realmente sinto muito, sinto muitíssimo!
Aliás, como disse alguém um dia, lamento muito…
Lamento o que aconteceu; se pudesse trocava
contigo de lugar, certo como o sol de hoje que já se vai,
já tenho com o tempo contendas.
Lamento o que não aconteceu, o que todos diziam que era
o que tinha de ser. Menos eu, meu amor por ti é outro…
não, não sei se melhor, maior, diferente, mas é outro, grande e
eterno, acredita.
Mas não vou correr atrás de ti. Não corri nem atrás do amor que
é a razão da minha vida (não sei que vida, mas pronto)…
um cão abandonado , desses que imbecis largam na estrada
sem dó ou humanidade, não sofreu o que eu sofri, não passou o que
eu passei, eu comigo e mais ninguém. E ainda assim não fui atrás.
Vi o quanto esse amor se perdeu nas infelizes escolhas que fez,
foi achincalhado, virou piada internacional, eu vi, sim,
triste mas vi e nada pude fazer, afinal foi uma escolha. Porra!!!!
E nem assim fui atrás.
Eu cheguei a um pódium onde só os muito, muito fortes chegam…
porque sofrem e doem por demais…é merecimento!
Portanto, se me quiseres, ver, falar, ter a teu lado, cá estou, sabes bem,
a hora que for, dia, noite ou madrugada, não há sono que me conquiste…
mas não, não te procuro.
Não mais.
WAndrade - 17/11/2013
Navega certo o coração incerto que se dispôs a desinventar
o sentimento.
Calado, atravessa suas marés confusas e desarejadas.
Sozinho, espreita o distante, bem-querer que sufoca dia após dia.
Sem quem para o perceber, fantasia a vida, ilude a alma
a conseguir seguir.
Navega cego o coração varrido que tentou fingir.
WAndrade - 08/11/2013
Meu novo paradeiro nestes domingos outonais e solarengos.
Aqui um vento brando acaricia árvores de folhinhas meninas e inquietas,
que aquiescem aos mimos com murmúrios e gemidos, lânguidas e frescas.
Passeio pelas estradas pintadas de folhas castanhas e nelas meus passos
brincam de farfalho.
Largo-me neste momento quente, quase, quase adormecendo,
nos verdes vários onde me entrelaço, nesse quase silêncio de mim.
Nos sorrisos, a prova inquestionável de que a pasta dental é
da melhor qualidade...
pena que não possa ser usada na alma.
Deve ser por isso que nas fotos sempre usa óculos escuros.
WAndrade – 2013