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Pesquisa e Arquivos [2] Olha, para falar a verdade, até houve uma certa curiosidade. Espanto, nem por isso. É... é, no mínimo, intrigante um "aparecimento" assim tão despropositado e com tantas obviedades (que não serão identificadas para não perder a piada). Há mesmo muita graça na coisa, inclusive porque não foi um ato isolado, tudo junto, coisa destoada de coisa, sentiu-se longe, bandas outras, o nervoso nem tão miudinho assim... Solicita-se calma, amado mestre! Ainda perdes o rumo da ribeira e levas uma coça e ficas sem o bastante para o a merendinha, tem lá cuidado! Uma leve euforia levantou-se na hora, mas coisa de lume baixo, pouca monta e, se calhar, até de um ligeiro desdém, para que negar? Porém, de tão maneiro velejador esperavam-se velas mais robustas, mais corpulentas... (é, já lá se vai o tempo das monobras bastas, do trejeito respeitado e da faina bem-quista), tudo perdido nas "amarras"...sim... aquelas que não se vêem, apenas sente-se o aperto, o vaguear no próprio vulto, o nada depois do próprio deserto. Velas tão tênues... Também não há motivo para desaquietação, se por um lado ao alvo não interessou conferir a seta, por outro, esta se fez lá presente a conferir os seus desassossegos e, afinal, tudo ficou bem, pelo menos dizem aqueles que não se dão a guardar segredos. WAndrade-15/09/2017 Imagem do cartunista Péricles Maranhão: "Amigo da Onça" Hoje acordei com uma notícia não boa, nada que já não se soubesse ou esperasse. Mas não gabo o desastre alheio jamais, até porque acredito e muito na lei do retorno. Acredito que o que pensamos ou fazemos, de bom ou não, na virada, encontra nossa porta e entra sem cerimônias para fazer, digamos, o devido acerto de contas. Certo é que tempo vira, a lua mingua e vento muda. Certo também é que o vento que venta cá venta lá. Mas isso não dá a ninguém o direito de saldar com pompa o sinistro do outro, mesmo porque o nosso já pode estar a caminho. Enfim... não é porque o que era óbvio acontecer se concretiza, que se vai cantar loas ao desdestino do sujeito. Ao contrário, sempre tenho à vista cordas, abraços e mãos, desde já para qual seja a precisão. WAndrade - 05/11/2013 A gargalhada histérica e deseducada ressoou rua a fora... definitivamente não combinava com os olhos apagados e inertes e nem com as rugas já tão desenhadas na cara que insistia em mentir a alegria dos parvos, tolos, tolos... Ah, criança não fosse teu feitio tão magro de firmeza, tão insóbrio e pouco pensaria pegar-te outra vez ao colo, aninhar-te como nunca o tiveste e com as mãos de jardineiro que um dia moldaram-te a flor e bem mais os espinhos, levar-te aos céus que conheceste com elas e só com elas...mas não, não agora que perdes-te em ilusões tacanhas...não agora. Agora deleito-me apenas a assistir, em cena aberta, o que tentas em vão. Quando o sol te torturar de enfado e a lua te abandonar, matreira hás de achar-me, sabes onde...por enquanto, continua a tentar, meu bem, continua a tentar... WAndrade - 14/05/2013 Misturado Mentir... para si mesmo, pois que precisar acreditar tanto no próprio embuste o torna realidade. Por um ínfimo e ilusório minuto. Enfeitar um palco de miragens tendo como pano de fundo lembranças que se deseja esmagar. Sem sucesso. Dar-se… aos gritos e gemidos flácidos, franqueados ao público, na ânsia desesperada de atingir o… que não consegue, na ânsia desesperada de sentir o que, afinal, não se vem. Sentir a necessidade de a alma, ressentida, extraviar o dano, ignorando que esta, quanto mais vingada, mais requer agravo e menos se sente farta. Usar pessoas para intuitos vagos e imprecisos e mesmo assim não extinguir o que se lhe consome. Olhar para o lado e perceber, sem nuvens que, ainda que a vida lhe tenha socorrido com um ostentoso ornamento, esta daria para ter ao lado, outra vez, aquilo que agora tenta em vão abolir da própria existência. WAndrade - 26/05/2013 Troco Menino, que suadeira! Isso lá é vida? Ontem lá, hoje talvez, amanhãs sem dono, rastos se espalham, vários, pela batalha do desafronto, óh dó! Há manhãs fugidas, corridas e retornos ao de outrem, valha-nos a santa! Vale a pena? Nada é de jeito, façanhas passam e só mormaço despela a alma. O véu da novidade é inclemente como tudo, ao cair instala cansaço e fel. Peripécias fugidias, sem onde para descansar, enfadam. Variâncias intermináveis embaçam e toscam o que era para ser bom. Mas bom é o que se pretende verdadeiro e não de feitio torto, espalhafato barato, para ostentar contentamento e gozo. WAndrade - 26/05/2013 Contrário Desculpe, mas não deveriam ser olhos a pingar estrelas quando piscam? Ou uma tranquilidade quase monástica, aquela aura de leveza que se percebe ao longe? Ou ainda aquele sorriso bobo, por nada, por tudo, um cintilar no corpo todo, que faz quem vê se admirar? Não era para instalar-se no corpo a formosura fresca dos diletantes do intenso? E não seria caso para afagar-se em vestes de fadas, bonitezas à mostra? Ou muito me engano mas há fastio nesta intenção de farto, há soslaios inquietos, uma mira enviesada e casmurra, uma qualquer dose contrafeita no proveito. Na alma desfiada em maleita, a instância da cedência é clara, muito clara. Tudo rubra ao contrário no desvigor de tamanha ânsia de castigo, ao contrário, muito ao contrário. WAndrade - 26/05/2013
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