Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Bom dia, inferno!
Ah, pois... há quem seja menos... radical.
A ver vamos, o mundo é redondo não por acaso.
Bom domingo, aqui está um dia magnífico, vou mais é passear.
O meu inferno tem gosto.
De algodão doce misturado com dia de sol.
De beijo molhado de chuva, de boca, de mar
De gelado de flocos com saquê
O meu inferno tem gosto.
De terra, molhada, sabe? Aquela com cheirinho de nós mesmos, crianças
De manga, chupada na varanda, escorrendo até o cotovelo
e de risada no meio da alma, lavada…
O meu inferno é cerveja gelada com linguiça frita, bem picante
e papo furado, papo do largo, papo de amigo que junta contigo na hora que for
O meu inferno tem gosto.
De tinto maduro e lareira, douros em flor de amendoeira,
de neve enfeitando a janela, de praia a cinquenta graus.
O meu inferno tem gosto.
De pão com manteiga, quentinho
De pão com chouriça, quentinho
O meu inferno é meu céu despenteado,
meu cadarço desapertado, meu cachecol bem trançado.
O meu inferno é a coisa mais linda, mais cheia de graça*,
com quatro paredes caiadas e um cheirinho a alecrim**.
O meu inferno é o que somos todas as eu,
é a soma que faço de mim.
*Garota de Ipanema – Vinícius de Moraes e Tom Jobim
** Uma casa portuguesa - Amália Rodrigues
WAndrade - 25/02/2013