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Mais uma vez preferiu ignorar o chamado da lua,
mesmo sabendo que no maior dos escuros
voz é denúncia, ainda que pretenda júbilo.
WAndrade-09/06/2014
Repara que o universo está a dar-te uma oportunidade.
Agarra com mãos, braços e pernas mas não lhe dês com os pés outra vez.
Repara o movimento que a vida fez para oferecer-te alegria plena.
Atiça teus sentidos, ora frouxos, e percebe a chance delicada que as luas,
sempre elas, proporcionam a ti, de refarzer-te em flor viva.
Ouve, com atenção, o vento que te chama àvido e se mostra pleno para
os teus desejos de paz.
Abre os teus olhos, franqueia o teu coração amansado e coxo
(sentes), segue esta pista inesperada,
pois este é o caminho que sempre seguirás.
Ainda que não saibas.
É claro que sabes!
WAndrade – 04/06/2014
Então averba a felicidade e
regista o estar bem para a nobre (?) posteridade íntima
e exibe a chapa bem aparentada, que cruel…
Assevera doses de um alegreto inventado, que demonstrem
aos olhos alheios, o que os próprios evitam guardar.
Acredita, ah, no que lhe inflama o cobiçoso…carece.
É, nao há mesmo nada como um dia atrás do outro.
Que é da flor de outrora?
WAndrade – 13/01/2014
Não.
Não quero falar contigo às pressas,
como se estivesse a fugir do meu próprio destino.
Quero apear-me à tua beira, largar longe as tamancas,
deixar soltos coração, alma e pés para poder voar baixinho,
quase rente, nas temperanças do teu bem-querer.
WAndrade - 08/11/2013
A gargalhada histérica e deseducada ressoou rua a fora...
definitivamente não combinava com os olhos apagados e inertes
e nem com as rugas já tão desenhadas na cara que insistia em mentir
a alegria dos parvos, tolos, tolos...
Ah, criança não fosse teu feitio tão magro de firmeza, tão insóbrio e pouco
pensaria pegar-te outra vez ao colo, aninhar-te como nunca o tiveste
e com as mãos de jardineiro que um dia moldaram-te a flor
e bem mais os espinhos, levar-te aos céus que conheceste
com elas e só com elas...mas não, não agora que perdes-te
em ilusões tacanhas...não agora.
Agora deleito-me apenas a assistir, em cena aberta, o que tentas em vão.
Quando o sol te torturar de enfado e a lua te abandonar, matreira
hás de achar-me, sabes onde...por enquanto,
continua a tentar, meu bem, continua a tentar...
WAndrade - 14/05/2013
Misturado
Mentir... para si mesmo, pois que precisar acreditar tanto no
próprio embuste o torna realidade.
Por um ínfimo e ilusório minuto.
Enfeitar um palco de miragens tendo como pano de fundo
lembranças que se deseja esmagar. Sem sucesso.
Dar-se… aos gritos e gemidos flácidos, franqueados ao público,
na ânsia desesperada de atingir o… que não consegue,
na ânsia desesperada de sentir o que, afinal, não se vem.
Sentir a necessidade de a alma, ressentida, extraviar o dano, ignorando
que esta, quanto mais vingada, mais requer agravo e menos se sente farta.
Usar pessoas para intuitos vagos e imprecisos e mesmo assim
não extinguir o que se lhe consome.
Olhar para o lado e perceber, sem nuvens que, ainda que a vida lhe tenha
socorrido com um ostentoso ornamento, esta daria para ter ao lado,
outra vez, aquilo que agora tenta em vão abolir da própria existência.
WAndrade - 26/05/2013
Troco
Menino, que suadeira!
Isso lá é vida? Ontem lá, hoje talvez, amanhãs sem dono,
rastos se espalham, vários, pela batalha do desafronto, óh dó!
Há manhãs fugidas, corridas e retornos ao de outrem,
valha-nos a santa! Vale a pena?
Nada é de jeito, façanhas passam e só mormaço despela a alma.
O véu da novidade é inclemente como tudo, ao cair instala cansaço e fel.
Peripécias fugidias, sem onde para descansar, enfadam.
Variâncias intermináveis embaçam e toscam o que era para ser bom.
Mas bom é o que se pretende verdadeiro e não de feitio torto,
espalhafato barato, para ostentar contentamento e gozo.
WAndrade - 26/05/2013
Contrário
Desculpe, mas não deveriam ser olhos a pingar estrelas quando piscam?
Ou uma tranquilidade quase monástica, aquela aura
de leveza que se percebe ao longe?
Ou ainda aquele sorriso bobo, por nada, por tudo, um cintilar
no corpo todo, que faz quem vê se admirar?
Não era para instalar-se no corpo a formosura fresca dos
diletantes do intenso?
E não seria caso para afagar-se em vestes de fadas, bonitezas à mostra?
Ou muito me engano mas há fastio nesta intenção de farto,
há soslaios inquietos, uma mira enviesada e casmurra, uma qualquer dose
contrafeita no proveito.
Na alma desfiada em maleita, a instância da cedência é clara, muito clara.
Tudo rubra ao contrário no desvigor de tamanha ânsia de castigo,
ao contrário, muito ao contrário.
WAndrade - 26/05/2013