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Deita, amor meu, deita.
Deita que esta cidade quieta, de mim repleta,
espreita, zelosa, teu sono vazio.
Deita, amor da minha vida, descansa, aqui não te
alcança maleita malsã ou qualquer desvio.
Sossega sem pressa tua alma inquieta,
hoje discreta de sonhos e em eterno fastio.
Aqui a guarda é somente aos teus sossegos, nada te obriga,
a nada te obrigas, vem.
E apenas deita, minha vida, desliza, que há muito preciso
desta doce cantiga do teu ressonar.
WAndrade – 28/09/2014
Tinha dia que até nem pensava, mas no outro…
o pensamento, de implicância, acendia o pavio das lembranças
e houvessem miolos!
Era um tanto daquele perfume que vinha não sabia de onde,
o nome aparecia do nada, nas notícias, no chamado de alguém na rua,
abria uma gaveta e lá estava uma camisa perdida que nem dera conta,
tocava o telefone e rezava que fosse, que fosse…
Tinha pressentimentos, até a voz ouvia, do nada.
Aquilo tudo explodia-lhe no peito que não havia o que fizesse passar,
mas tinha dia em que nem lembrava.
Hoje não foi um desses...
WAndrade – 25/09/2014
nem seria...
Mas esteve todo o tempo aqui, por aqui tudo. Era a simples questão de ver.
Sem ressábios, na certeza de que a chegada seria sempre bem-vinda.
Era um tantinho de procurar e pronto, o beijo guardado em folhas de
alfazema, o abraço prontinho e silencioso, que assim apraz.
E paz, semeada em terras de solidão, brotada mansa, como agora precisa.
E mãos de abrigo que brincam de esperança,
sem pressa, borboletas assanhadas, mas nada de assustar,
que o momento é de remanso.
E tem carinho, tem cuidados, tem sorrisos, incensos, lavandas
e mais o que a saudade ensinou a guardar com zelo.
Esteve todo o tempo aqui, por aqui tudo. Era simples questão de vir.
WAndrade – 27/09/2014
ainda é...
Mais uma vez preferiu ignorar o chamado da lua,
mesmo sabendo que no maior dos escuros
voz é denúncia, ainda que pretenda júbilo.
WAndrade-09/06/2014
Repara que o universo está a dar-te uma oportunidade.
Agarra com mãos, braços e pernas mas não lhe dês com os pés outra vez.
Repara o movimento que a vida fez para oferecer-te alegria plena.
Atiça teus sentidos, ora frouxos, e percebe a chance delicada que as luas,
sempre elas, proporcionam a ti, de refarzer-te em flor viva.
Ouve, com atenção, o vento que te chama àvido e se mostra pleno para
os teus desejos de paz.
Abre os teus olhos, franqueia o teu coração amansado e coxo
(sentes), segue esta pista inesperada,
pois este é o caminho que sempre seguirás.
Ainda que não saibas.
É claro que sabes!
WAndrade – 04/06/2014
E assim seguia, pousando as novas lembranças
por cima das que mais queria,
a ver se habitava a alma
e o coração se lhe desdoía.
WAndrade – 25/02/2014
Quase nada distoa do antes, mudou apenas o inevitável.
No mais, a vida passa… meio contente, vezes doída, noutras
descrente, noutras ainda noite de lua e um dia ainda vai fazer sol…
Cheira mirra e lavanda, flores na janela, um carinho encolhido,
há compassos… e o espaço é tanto para uma contradança.
Aceitas?
WAndrade – 16/11/2013
Um dia podia contar-te... detalhes dessa estória.
Um dia...
Porém, não gosto nada da ideia de macular a tua doce alma,
teu coração fresco de sentimentos genuínos e abrangentes.
Não merecias saber que tudo aquilo que (ouves) ouviste durante anos,
não passa de um enganbelo traiçoeiro, sob véus malfazejos que entornam
a alma frágil e desajeitada, que traça apenas vôos mirrados, corrompida
por outra, desvalida e vã.
São tempos de calar para não te sujeitar a tamanho desengano, não mereces.
Tramas estranhas exibem um estar bem que há muito se sabe roçado,
ranço na raíz. Firulas desguarnecidas de qualquer, qualquer verdade,
buscam inventar o que è morto, nato morto.
O orgulho, amo fartado desta triste fantasia, enlaça as pobres alegorias que
a ti são apresentadas como verazes galhardias e mascara o que por si só é fachada.
Por ora nada direi, meu afeto por ti é grande demais, meu respeito por tudo
o que construímos, maior ainda.
Mas um dia saberás a verdade e, se calhar, não por mim.
WAndrade - 14/10/2013