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Eu fico todo o tempo a falar para ela, no espelho, tá, num espelho aqui no peito, no timo, sei lá, aqui nos meus paralelos de mim, nas minhas esquinas: “garota, segura esse riso, já que o brilho do olho não comandas!”

É que tinha lá um anjo, dois acho eu… na verdade eram mesmo mais de cem… agora, imagina, dar de cara com os 118 anjos da guarda da pessoa? Tu, que só acreditas na chuva de temporal e eles te abraçarem de levezinho, pois te sabem ressabiada como o vento, desenxabida de encanto qualquer e te levarem a um outro lado do caminho, aos campos longes das Gerais, a ver se lá ouvias, de dentro dos teus desenredos, o cantar macio de “uais e ôxes”, que em jeito de acalanto, vão interessando os teus dias com belezinhas suaves de um soalheiro bem-querer, quietinho como é o teu costume, um costume que, aliás, já podias perder.

WAndrade – 22/07/2021