Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Conhecia-lhe bem aquele alhear-se do mundo
e como abismava o em volta, num mergulho profundo no vítreo encantado e luzidio.
Sabia quando tentava apaziguar a balbúrdia do seu lá de dentro,
encopando-se em imensos silêncios concentrados.
Abstraía-se num seu secreto como uma fera ferida por si mesma.
Conhecia-lhe bem o olhar desinquieto, passarinho de asa partida
que ainda que as tivesse sãs, não saberia para onde voar.
Traduzia-lhe os olhos desabitados, nus como o vento,
nus como agora.
WAndrade – 03/03/2013
Soltou a franga!!!
Soltou os bichos!!!
Soltou o verbo!!!
Soltou a alma inteira naquela passarela.
Mas não ía, não… pra que?
Ver-se outra vez enredo de um samba enganado?
Ir para sofregar um naco de alegria ilusória?
E além do mais, estava tão frio…
Até que foi. E foi num átimo que se viu quase a levitar ao som da bateria…
Um segundo de descuido do coração sizudo e pronto,
já rodopiava livre no meio da própria vida.
Dançou tudo, a dor, a saudade, a esperança, a ausência, tudo dançou e tanto.
Foi destaque, foi passista, foi ala e fez ala com quem vinha à sua dança.
Suou a fantasia improvisada de sem jeito, suou a dura caminhada agora até mais acalmada.
E flagrou-se numa alegria já tão desconhecida que aí mais dançou e mais alegrou e mais brincou. Estava totalmente criança solta na praça.
A madrugada desse carnaval, certamente trouxe para casa alguém muito diferente.
WAndrade – 12/02/2013
Tivesse “2 conto”, corria ao teu encontro, te levava um bombom de amêndoa com rum,
embrulhadinho num papel de seda.
Te pegava pela mão bem devagar, com cuidados de anjo,
que tua alma castigada bem carece de uma cama que soubesse à lavanda levinha.
Te fazia adormecer sem pressa, só balançando a perna em que te deitarias enfim.
WAndrade - 11/02/2013
Repara que a vida não pára ainda que a tua ferida
verta mais e mais de mágoas e cansaços...
a moça alinha os cabelos, contínua como a vida
serve-se o almoço nas casas e tabernas, crianças criançam nas praças, ruas e lares
aquele um travou fundo, ih, quase bateu! Outro, de bochechas encarnadas de vinho...
Faz sol no julho quase verão deste ano...estranho!
Repara que a vida não pára ainda que a tua ferida
verta mais e mais de mágoas e cansaços...
nenhuma vida pára para aninhar tua dor
Podias ter um cão. Ou não?
WAndrade - 19/07/2011
Te amo, espanhola!
Até logo, adeus, não.
Teu olho que teimou em não brilhar
Desviou-se do meu, apagou-se, isto sim, na hora final
Tua mão que ficou no ar, à espera da minha,
Não pude... não te poderia tocar, susto...
A canção que ficará entre mares...marés...
Querias, eu sei, curioso aquele último olhar...
Te amo espanhola!
Cuida também de ti
Por aqui, vou àquele fino, prometo.
O que não prometo é aqui voltar, sabendo-te longe...
Se não sabemos o que é, o que será, pra que?
Ai, a placidez do teu olhar, mentias, espanhola, doías,
Tanto ou mais do que eu...
E, tanto quanto eu, sabes que isso ainda agora começou
O destino é sábio, disseste-o com os olhos molhados
Tanto quanto eu.
WAndrade - 08/07/2011
Baixei as armas, pousei-as aos meus pés, (nunca se sabe...)
Estanquei a luta comigo, com meus viveres, com meus sonhares...Agora é hoje.
Descansar neste colo, os seios teus, todos os meus doloridos, a dor de cabeça...
Despesar os olhos, enlevesar a alma, enlevar os pensamentos miúdos
Intentar que o orvalho envolva a pedra que habita o deserto que meu peito abriga.
-“Deixa-te levar, meu amor”! A delicadeza do carinho dito, assim em calma, no desarrumo dos lençóis, adormece, por fim, a alma exausta e delinquente, insóbria e tão descuidada de atenção.
Baixei as armas, darei uma trégua a mim mesma.
Vou ali me estender nesta moça e volto já!!!
WAndrade - 07/2011
Quer saber? Eu digo.
É saudade.
Daquela que dói fininho, sabe?
que fica espezinhando o coração,
apoquentando a alma,
dando a certeza de que não está sozinha.
É saudade que já não derrama o vinho, mas ainda quebra o copo.
É saber que o sentimento não vibra numa só nota, tem acompanhamento...
Isso percebe-sena respiração, na voz, não dá para fingir ou disfarçar.
É saudade e a certeza de que bastaria um passo, apenas um e
Seria dia de sol outra vez!
WAndrade -02/2011
Não ir é sinal de não querer ver, conferir,
Não querer ver é saber o tamanho da frincha sem doma,
do ardil engendrado que no fundo ressoa.
De frente à verdade , é saber encarar?
Não ir é sinal de não querer ver, conferir,
sangraria mares por reconhecer o tão fundo, perigoso e... óbvio!
WAndrade - 01/2010