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Perdão se não te falo desta dor,
não te quero causar uma maior ainda,
não tenho o direito de lesar a frescura da tua alma delicada e gentil
jamais me permitiria macular o brilho que vejo nesses teus claros olhos-girassóis
Perdão se não te digo do lanho que dobra o coração em dor, ainda.
Perdão por ainda doer...
Perdão se não há barreira que impeça o rio de jorrar, mesmo com toda a força que tento, mesmo quando me imponho um risco na cara para não te faze doer (mais)
Perdão se não consigo ir além dessa grossa crosta que tanto te arranha, quando deveria
te aninhar e cobrir de mimos e doçuras
Se contigo não divido o que esgarça-me o peito é para resguardar-te de mim, protejo-te apenas da aspereza, da dureza da pedra, onde, ainda assim, te enconchas à noite, feito um passarinho que adormece no vendaval.
WAndrade - 19/07/2011
Repara que a vida não pára ainda que a tua ferida
verta mais e mais de mágoas e cansaços...
a moça alinha os cabelos, contínua como a vida
serve-se o almoço nas casas e tabernas, crianças criançam nas praças, ruas e lares
aquele um travou fundo, ih, quase bateu! Outro, de bochechas encarnadas de vinho...
Faz sol no julho quase verão deste ano...estranho!
Repara que a vida não pára ainda que a tua ferida
verta mais e mais de mágoas e cansaços...
nenhuma vida pára para aninhar tua dor
Podias ter um cão. Ou não?
WAndrade - 19/07/2011
Digo a um girassol: dias como estes não aconchegam ciúmes nem birras
No deserto por vezes pairam nuvens de chumbo e há que afastá-las
A custo, a sol, a ventos de letras e rimas (ou sem), há que soprá-las para
longe...
Quando fico muito triste
Meu menino maluquinho* entra em cena, em mim
Deve ser para me proteger, fica com dó e me abraça
Hoje vestiu uma calça larga, uma camisa meio rasgada
Arrepiou os cabelos com gel e foi à vida (?)
Beberá mais do que o normal, assediará meninas com
aquele olhar que nem eu mesma conheço ou provei,
dirá palavrões, impropérios, se calhar coçará o “chaveiro”
mais um pouco e vai arrumar uma discussão e dizer um monte...
Irritado, levar-me-à para casa, deitando-me carinhosamente numa
cama de nuvens, aromada de alfazema e sândalo.
Tem gente que sabe a sândalo, não tem?
WAndrade - 09/07/2011
* o menino maluquinho - personagem literário do escritor brasileiro Ziraldo
Te amo, espanhola!
Até logo, adeus, não.
Teu olho que teimou em não brilhar
Desviou-se do meu, apagou-se, isto sim, na hora final
Tua mão que ficou no ar, à espera da minha,
Não pude... não te poderia tocar, susto...
A canção que ficará entre mares...marés...
Querias, eu sei, curioso aquele último olhar...
Te amo espanhola!
Cuida também de ti
Por aqui, vou àquele fino, prometo.
O que não prometo é aqui voltar, sabendo-te longe...
Se não sabemos o que é, o que será, pra que?
Ai, a placidez do teu olhar, mentias, espanhola, doías,
Tanto ou mais do que eu...
E, tanto quanto eu, sabes que isso ainda agora começou
O destino é sábio, disseste-o com os olhos molhados
Tanto quanto eu.
WAndrade - 08/07/2011
Baixei as armas, pousei-as aos meus pés, (nunca se sabe...)
Estanquei a luta comigo, com meus viveres, com meus sonhares...Agora é hoje.
Descansar neste colo, os seios teus, todos os meus doloridos, a dor de cabeça...
Despesar os olhos, enlevesar a alma, enlevar os pensamentos miúdos
Intentar que o orvalho envolva a pedra que habita o deserto que meu peito abriga.
-“Deixa-te levar, meu amor”! A delicadeza do carinho dito, assim em calma, no desarrumo dos lençóis, adormece, por fim, a alma exausta e delinquente, insóbria e tão descuidada de atenção.
Baixei as armas, darei uma trégua a mim mesma.
Vou ali me estender nesta moça e volto já!!!
WAndrade - 07/2011